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Quem é um Mentor – definição, competências, papel e responsabilidades

No mundo dinâmico de hoje, onde a educação e o desenvolvimento profissional desempenham um papel fundamental, o conceito de Mentoring tornou-se extremamente importante. A tutoria é um processo que pode influenciar significativamente o desenvolvimento de um indivíduo, tanto na esfera profissional como pessoal. Conhecido há décadas nos EUA ou no Ocidente em geral, na Polónia só agora começa a ganhar importância. Com o lançamento de mais programas de mentoria, o número de mentorados e mentores está a aumentar. Mas afinal quem é um Mentor?

Neste artigo, vamos explorar uma definição mais profunda de Mentor, o seu papel na vida de um indivíduo e as competências-chave que fazem dele um apoio indispensável no processo de desenvolvimento. Vamos conhecer os traços de carácter e as competências que distinguem um Mentor e os benefícios que podem trazer tanto para o Mentor como para o Mentee, ou seja, a pessoa que está a ser orientada. Também examinaremos os diferentes aspectos da tutoria, desde a relação tradicional entre o mentor e o mentorando até às formas abertas de tutoria que estão a tornar-se cada vez mais populares. Vamos descobrir juntos quem é um Mentor e porque é que ele é uma figura chave no mundo atual do desenvolvimento pessoal e profissional.

Quem é um Mentor? – definição

Um mentor, de acordo com a definição, é “um conselheiro, professor e educador experiente e sábio”.

Em termos mais curtos, é simplesmente uma pessoa com quem se aprende. O Mentor tem alguma competência e experiência num determinado domínio e o Mentee – ou seja, o estudante – beneficia dessa experiência ao receber o apoio, os conselhos e a ajuda oferecidos pelo Mentor.

Mas, mais uma vez – tal como no caso da tentativa de definir mentoria – também aqui seria necessário considerar a definição de Mentor através da lente dos processos de aprendizagem reais presentes no mercado e no desenvolvimento pessoal e profissional em geral.

Mentor e processos de mentoria

O Mentor, em virtude do seu papel, não existe num vácuo. Para que um Mentor exista, é necessário que haja também um processo de mentoria que envolva o Mentee.

É devido aos tipos de processo de mentoria que podemos classificar os tipos de Mentores de forma diferente:

Processos formais de tutoria

Esta é a forma mais eficaz de tutoria e, por conseguinte, a encarnação mais eficaz do Mentor. Estes processos têm uma estrutura predefinida. Entre outras coisas, durante estes processos, os objectivos de desenvolvimento específicos do mentorando, tidos em conta durante o processo, são definidos no início e, no final, as duas pessoas do par avaliam o grau de cumprimento dos objectivos e determinam o caminho de desenvolvimento futuro. Escrevemos mais sobre a comparação entre os processos formais de tutoria e a relação informal num artigo anterior.

Os processos formais de tutoria estão normalmente disponíveis no local de trabalho, sob a forma de programas abertos específicos ou em universidades. Na maior parte dos casos, começam com o recrutamento de mentores e mentorandos e, em seguida, os organizadores colocam os participantes em pares ou são os mentorandos que selecionam os seus mentores a partir de um conjunto de propostas sugeridas.

Mentoria informal

A definição de Mentor também pode ser vista através do prisma dos processos informais, em que, na maioria das vezes, é a pessoa com menos experiência que inicia o contacto com o amigo que tem mais experiência numa determinada área. A tutoria, neste caso, consiste em várias reuniões, conversas durante as quais o mentorando apresenta os seus desafios e o mentor aconselha ou partilha a sua experiência.

É de notar, no entanto, que este tipo de relação assume muitas vezes um carácter de consultoria ou vai mesmo no sentido de mostrar um caminho específico. Nesse caso, deixa de ser um processo de mentoria e o Mentor torna-se, na prática, um consultor ou mesmo pai/mãe do Mentee, o que normalmente não acaba bem.

Independentemente do tipo de relação que estabelecemos, é muito importante recordar qual é o papel do Mentor. Definitivamente, NÃO se trata de aconselhar ou julgar, mas sim de analisar, questionar e, finalmente, partilhar os seus conhecimentos e experiência. De qualquer forma, existem muitos mais papéis deste género na prática.

O que faz um Mentor? – papel no processo

Um mentor tem uma série de papéis diferentes, que deve adaptar ao processo de mentoria específico, consoante as necessidades. Os seguintes papéis podem ser considerados como uma base de partida:

  • Companheirismo, ou estar em parceria com o Mentee. Muitas vezes, quando somos Mentores, assumimos inconscientemente o papel de Guardiões, querendo ajudar o Mentee a resolver problemas, a encontrar soluções para ele ou ela, a protegê-lo de erros. E não é disso que se trata a tutoria. O Mentor-Companheiro cria confiança e segurança para que o Mentee tenha espaço para crescer, para construir a sua própria experiência, para cometer erros.
  • Apoio – Querendo apoiar o mentorando, o mentor não julga e não julga. Mostra interesse pelo mentorando e pelos tópicos trazidos para as sessões de mentoria. Apoia o mentorando a alargar as perspectivas, a encontrar novas soluções e a mudar o contexto. Incentiva e encoraja o envolvimento total no processo.
  • Ouvir ativamente o que o mentorando tem para dizer. Utilizar paráfrases, esclarecimentos, refletir sentimentos e resumir. Tudo isto para conhecer melhor as necessidades do mentorando, mas também para lhe dar espaço para falar, o que deve ser precedido de uma reflexão sobre o assunto, de uma autorreflexão, de um conhecimento de si próprio.
  • Fazer perguntas frequentemente referidas como perguntas de coaching – começando com perguntas abertas, passando por perguntas de valor (do lado do mentorando) e perguntas fechadas sobre os planos e aspirações do mentorando. Alguns Mentores dizem que as perguntas são a ferramenta mais importante do seu trabalho. Veja mais sobre perguntas num processo de mentoria.
  • Analisar e tirar conclusões e partilhar essas conclusões com o mentorando. No processo de trabalho com um mentorando, o mentor tem acesso a muitos dados, tanto os recolhidos do mentorando como os que são recursos próprios do mentor. Um papel importante do mentor é ser capaz de ligar ‘muitos pontos’ e tirar conclusões que sejam úteis para o mentorando.
  • Partilhar o conhecimento e a experiência de alguém. Ao iniciar um determinado processo de mentoria, o Mentor, por definição, tem mais experiência e conhecimento acumulado numa determinada área. É papel do Mentor partilhar estes recursos com o Mentee, mas lembrando-se de o fazer apenas depois de o Mentee ter esgotado as suas ideias e ambos concordarem que haverá valor em partilhar os conhecimentos do Mentor nessa altura.

O que é que um Mentor não deve fazer durante o processo?

Para definir melhor o papel do Mentor no processo, também vale a pena considerar o que os Mentores não devem fazer:

  • Não ser crítico ou negativo: O mentor não deve criticar o mentorando de uma forma desmotivadora ou negativa. Em vez disso, ele/ela deve concentrar-se no feedback construtivo e na procura de soluções.
  • Não impor soluções: O mentor não deve impor as suas ideias ou soluções ao mentorando. A essência da tutoria é ajudar o mentorando a pensar e a tomar decisões de forma independente.
  • Não ignorar as necessidades do mentorando: É importante que o mentor ouça e compreenda as necessidades, objectivos e preocupações do mentorando. Ignorá-las pode levar à desconfiança e a uma relação de tutoria ineficaz.
  • Não estar indisponível: O mentor deve estar disponível e presente nos horários acordados para as reuniões. A fiabilidade e a regularidade das reuniões são fundamentais para uma relação de tutoria bem sucedida.
  • Não defenda o seu estatuto ou poder: O mentor não deve utilizar a sua posição ou poder de forma negativa. A relação deve ser de parceria e não hierárquica.
  • Não quebrar a confiança: A confiança é um elemento-chave da relação de tutoria. O mentor não deve quebrar a confiança partilhando informações privadas ou utilizando de forma inadequada as informações fornecidas pelo mentorando.
  • Não imponha o seu estilo de vida: o Mentor não deve impor o seu estilo de vida ou os seus valores ao Mentee. Deve respeitar as diferenças e a individualidade do mentorando.
  • Não descurar o desenvolvimento pessoal: A tutoria não deve centrar-se apenas nos aspectos profissionais. É igualmente importante desenvolver o mentorando como indivíduo, ajudando-o a lidar com desafios pessoais.
  • Não esquecer os objectivos do mentorando: o mentor deve ter em mente os objectivos do mentorando e ajudá-lo a alcançá-los. Independentemente dos tópicos discutidos nas reuniões, o objetivo da tutoria é apoiar o mentorando a atingir os seus objectivos.
  • Não seja impaciente: O processo de desenvolvimento pode levar tempo e a mudança pode ser gradual. O mentor não deve perder a paciência e motivar o mentorando a perseverar.

É importante que o mentor mantenha o profissionalismo, a empatia e o respeito na relação com o mentorando, tendo sempre como objetivo o bem-estar e o desenvolvimento do mentorando. Evitar os comportamentos acima mencionados ajuda a criar uma relação de tutoria positiva e eficaz que beneficia ambas as partes.

Mentor vs Treinador

Neste ponto, vale a pena referir as principais diferenças entre um Mentor e um Coach.

As diferenças surgem principalmente nos papéis de Coach e Mentor. Nomeadamente, um Coach é uma pessoa com quem aprendemos, e um Mentor é alguém de quem podemos aprender alguma coisa. Por outras palavras, o Coach é suposto inspirar, realçar os pontos fortes do Coachee. Ele ou ela é suposto fazer perguntas difíceis, provocar pensamentos, ajudar a sair da bolha de informação. O Mentor, por outro lado, também desempenha parcialmente estas tarefas, mas é sobretudo uma pessoa que tem experiência numa determinada área e a partilha com o Mentee.

Além disso, o Coach, por força da sua função, deve ter formação e experiência no domínio do coaching. Deve ser certificado e, de preferência, ter efectuado o maior número possível de sessões. Um mentor também seria bom se conhecesse as técnicas de coaching relevantes, mas isso não é necessário para ser eficaz no seu papel.

O conhecimento do domínio mencionado acima é também uma diferença muito importante. O Coach não precisa de “conhecer” a área em que vai apoiar o Coachee. Ao fazer coaching, por exemplo, em vendas, o Coach não precisa de ser um vendedor excecional. É suficiente que ele faça perguntas apropriadas e oriente o Coachee a desenvolver-se nessa área. O Mentor, por outro lado, deve ter muito mais conhecimentos e experiência do que o Mentee no domínio em que este pretende desenvolver-se.

A tutoria combina elementos de coaching, mas complementa-os com conhecimentos e experiência na matéria. Entre outras coisas, durante a sessão, o mentor mostra como ele próprio resolveu os problemas com que o mentorando se depara atualmente.

Caraterísticas e competências-chave do Mentor

Qualquer pessoa que deseje tornar-se Mentor deve ponderar se possui as qualidades e competências necessárias para desempenhar esta função.

Entre os pré-requisitos, vale a pena mencionar:

  • Disposição para ajudar os outros. Ser Mentor é ajudar e apoiar os outros. É necessário interessar-se pela outra pessoa, querer apoiá-la e sentir a satisfação de a ajudar, de a ver resolver os seus problemas e atingir os seus próximos objectivos.
  • Disponibilidade. A tutoria é um processo que envolve muitos níveis. As sessões de tutoria propriamente ditas duram 60-90 minutos e é necessário um mínimo de 5-6 sessões para que o processo seja eficaz. Também é necessário empenhamento entre as sessões – antes – para se preparar para elas e depois para refletir e pensar no que fazer de diferente/melhor da próxima vez.
  • Motivação. Esta caraterística está de certa forma relacionada com o desejo de ajudar os outros, mas a motivação também pode vir de outras fontes. Vale a pena refletir (por exemplo, utilizando a técnica dos 5x Porquê) sobre a razão pela qual queremos tornar-nos Mentores e manter esta motivação em mente durante todo o processo.
  • Conhecimento e experiência. Dado o papel do Mentor, é também necessário ter conhecimentos e experiência no tema escolhido – um tema que o programa aberto de tutoria em questão abranja, ou um tema que seja desejável num Mentee.

Por outro lado, entre as competências-chave do Mentor podemos distinguir

  • capacidade de definir objectivos para si próprio e para os outros,
  • dar feedback construtivo,
  • competências de comunicação,
  • escuta ativa,
  • fazer perguntas.

Se tem estas qualidades e competências, não há nada que o impeça de tentar a sua sorte como mentor. E vale mesmo a pena.

Benefícios de ser um Mentor

Para além de perceberem as suas próprias motivações, a tutoria traz muitos benefícios adicionais aos mentores. Eis alguns dos principais benefícios a ter em conta. No entanto, esta lista não está definitivamente fechada e há algo para todos na tutoria:

  • Desenvolvimento de competências de liderança: A tutoria requer a capacidade de comunicar, ouvir, motivar e liderar. Através da tutoria, o Mentor desenvolve competências de liderança que podem ser úteis tanto na vida profissional como pessoal.
  • Reaprendizagem: O processo de tutoria obriga o Mentor a refletir sobre as suas próprias experiências e conhecimentos. O Mentor deve estar pronto a repensar as suas próprias decisões e acções e a aprender de novo.
  • Resumo e Clareza: Ajudar os outros a compreender certos conceitos ou competências pode ajudar o Mentor a compreender melhor os mesmos conceitos e a aumentar a clareza do seu desempenho.
  • Aumento da satisfação e da motivação: Ao ver o mentorando atingir os seus objectivos e crescer, o mentor pode sentir uma grande satisfação e motivação. Isto pode ser uma fonte de energia adicional e de paixão pelas suas próprias actividades.
  • Networking: Através da tutoria, o Mentor pode estabelecer contactos e relações profissionais valiosos. Isto pode beneficiá-lo no futuro sob a forma de novos negócios ou oportunidades profissionais.
  • Aumento da auto-consciência: A tutoria exige uma compreensão dos pontos fortes e fracos de cada um e a capacidade de comunicar com os outros. Isto ajuda o mentor a aumentar a sua auto-consciência e a melhorar as suas competências transversais.
  • Manter a paixão pela profissão: Ajudar os jovens no seu desenvolvimento profissional pode recordar ao Mentor a razão pela qual escolheu o seu percurso profissional e ajudá-lo a manter a paixão pelo seu trabalho.
  • A perspetiva da geração mais jovem: A tutoria pode proporcionar ao mentor uma nova perspetiva sobre os desafios actuais e as abordagens da geração mais jovem. Isto pode ajudá-lo a adaptar-se às novas tendências e necessidades do mercado.
  • Desenvolvimento de competências de comunicação: A tutoria exige excelentes competências de comunicação. A prática nesta área pode ajudar o mentor a melhorar a sua capacidade de comunicar eficazmente.

Como tornar-se um Mentor

Já sabemos quem é um Mentor, quais as qualidades e competências essenciais que deve possuir e quais as vantagens de participar na tutoria. A questão que se coloca é como se tornar um Mentor.

O primeiro método consiste simplesmente em procurar uma lista de programas de tutoria em aberto num motor de busca, utilizando consultas como “programa de tutoria”, “recrutamento de tutores”, “candidatar-se a tutor”, etc. Naturalmente, o período de recrutamento para a maioria dos programas está encerrado. Naturalmente, o período de recrutamento para a maioria dos programas está encerrado e pode não ser possível aderir a um programa num determinado momento. No entanto, nada o impede de se inscrever num programa e de se candidatar quando for aberto um novo programa.

A segunda opção é procurar e aderir a uma das muitas organizações e fundações do sector atualmente existentes. Estas organizações organizam muitas vezes programas de tutoria abertos aos seus participantes, para além das suas outras actividades.

Outro método pode consistir em sugerir à sua entidade patronal que organize uma tutoria interna e se candidate a mentor. Em alternativa, pode procurar um mentorando – por exemplo, comunicando a sua vontade de se tornar mentor na intranet da empresa.

Além disso, existem também várias escolas de tutoria no mercado polaco, onde é possível adquirir conhecimentos iniciais e até obter uma certificação em tutoria numa fase posterior. Esta pode ser uma alternativa ou um complemento à participação nos primeiros processos de tutoria.